terça-feira, agosto 12, 2008

É verdade.




Ainda que eu falasse a língua dos homens, ainda que eu falasse a língua dos anjos... As ruas vazias de gente continuariam me confiando segredos perdidos de qualquer andarilho noturno que por ali passou em um instante qualquer, perdido na lembrança do último crepúsculo, lento e indescritível, invadindo o peito com a fúria de mil agulhas. Ainda que fosse capaz de ouvir e entender as estrelas, as noites seriam longas mais uma vez, e mais uma vez me mergulhariam num profunto extase, os móveis se moveriam, e de repente se uniriam todos os tempos possíveis num perfeito conjunto de cores e notas musicais.


Ainda que eu soubesse quem sou, não deixaria de me supreender a cada vez que olho no espelho, perdendo minha face em reflexos tais... Estou acordado e todos dormem, e dormem... Num sono envenenado de rotina e desejo, no qual me assumo carne e osso, enquanto vagam os meus espítos solitários. A noite é muito longa, enquanto morro olham para terra do univerno, todos devem encontrar algum lugar no finito sem fim das minhas mentiras. Só o amor conhece a verdade! Espírito sensato, que de egoísmo esconde seu bem maior, nos mergulhando em falsos fragmentos de realidade, com toda a graça com que uma vírgem rouba todo e qualquer fio de racionalidade das nossas mentes; mente como ninguem é capaz de reproduzir... E o mundo fica lilás.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vejamos que estamos em época de fartura de textos, nesse mês!

Muito bom, meu velho. Como tudo que vc escreve ou diz. Foi uma baita de uma alfinetada, um corte profundo na alma de qualquer ser vivo que tenha uma sensibilidade poética o suficiente para entendê-lo.

Gostei pacas da intertextualidade [que provavelmente só entenderão com o lançar do nosso livro] e até me emocionei. kkkkkkk

Essas intertextualidades enriquecem e mto nossos textos, criando uma cadeia de significação mais consistente e complexa.

abraçooo!