quinta-feira, janeiro 13, 2011

LEIA-ME


Todas as vezes em que meus olhos se adentram em própria órbita, e todas as vezes que assopro a poeira dos vasos sanguíneos, penso: cadê o eu que estava aqui? O tempo comeu e foi por aqui, foi por aqui, foi por aqui, foi por aqui: Me encontro no fio de cabelo estragado ou na unha que não cresce do dedo mindinho.
E cadê o meu versículo que estava aqui? É como água que com muito esforço vira qualquer coisa a depender das minhas vírgulas esquecidas.
E então, “quem sabe um dia?”
Mas se esse verso não é meu, quem sabe um agora? E se esse tempo ainda não é meu, quem sabe o seu agora? E se essa vida não é minha, quem sabe um tempo em que a vida não era uma só vida, mas vida em conjunto?
Quem sabe ler o que não se escreve primeiro, o que não se pensa depois (mas bem em seguida)? Quem sabe ler, apenas, até o que não está escrito em nada senão em si mesmo? Quem sabe ouvir primeiro, ouvir depois; certamente saberá a hora de falar primeiro, calar-se ou fazer calar depois.
Quem sabe ler-se primeiro, bula de remédio depois, saberá calar-se ou fazer calar primeiro; falar depois ou nunca.
Quem sabe eu repita o que já disse, ou quem sabe não me leia nem antes, nem depois, nem agora. (O sujeito dessa frase pode ser eu ou você, como queira a retina).(Ou quem sabe o eu ou o você seja a mesma coisa, como queira a sinapse inicial).

Um comentário:

Anônimo disse...

Vc é um livro tão infinitamente grande que eu acho que de tudo o q eu já te li, corresponde a um elétron de um fio de cabelo seu q se foi na aprovação do vestibular! Mas enfim... =D

Viajei geral nesse texto, geral mesmo! A literatura é uma coisa fantástica, né? Quando a gente acha que já escreveram de tudo podemos ver q ainda não escreveram nada! =D

Fico muito orgulhoso de sua originalidade! É algo q ainda busco para mim, mas sempre acabo comparado com o Augusto dos Anjos. Portanto ainda reluto contra isso. Quando pararem e me compararem a vc... Aí sim, morro feliz! =D

abração, irmão!