sexta-feira, março 18, 2011

O panorama, o grito, a identidade


No retroprojetor diversas imagens passam como flashes quase instantâneos e subliminares. Há átomos radioativos que viajam com o vento; o mercúrio sobe e atinge o ponto máximo de um termômetro antigo; a água devora e tritura todo um continente; o limão triturado com águas (mineral e ardente) dentro de um liquidificador de bar; é o cantor que protesta, a artista que se despe, a Monalisa que chora.

E então o grito que grita de uma garganta negra; a pele negra ensaguentada; a pele ensaguentada no mercado; tem poeira na América Central e placas tectônicas; tem secadores e ar condicionados; mas há um ventilador e moscas. E há um rio que seca, e há um rio de bochecha e sal. Pílulas, pílulas, xarope. armas, pneus.

Milhares de pessoas espremidas; metrô, cadeia, fila para fila (de comida, de cinema, hospital). Livros e mais livros: traças. Downloads. Dinheiro. Praia. Olho multicolor; foto 3x4.

E os olhos da plateia como vagalumes tontos ao meio-dia. Mas o que é que eu penso agora? Alguém viu minha carteirinha?

2 comentários:

Anônimo disse...

Seus Grand Finales são sempre muito bons. Já pensou em colocar este texto em forma de poema? Ficaria interessante, ao meu ver.

Detesto fazer essas comparações, mas esse texto me fez lembrar do Drummond. Talvez o 'humor' amargo no final, não sei. =D

abração

Índia disse...

Acredito que já pode-se até considerar um poema, daqueles cujo autor usa uma forma livre ou pessoal.

Eu gostei muito. Bem bolado.

Vi que você é de Aracaju, estou indo passar parte das férias esse ano na capital de Sergipe.

Só por curiosidade... Você cursa ou cursou que faculdade? Se.